CANABIDIOL NO TRATAMENTO DE

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA - UM RELATO DE CASO

Dr. José Alexandre Crippa 

Médico Psiquiatra e Neurocientista.

Renomado consultor farmacêutico de

canabinoides, co-dirige o Centro Brasileiro

de Pesquisa em Canabinoides.

Publicou mais de 150 artigos relacionados

ao assunto, contribuiu para inúmeras formulações de canabidiol,

aconselhou debates internacionais sobre

a regulamentação de Cannabis e recebeu números prêmios pelas suas contribuições.

Relato

A paciente preencheu aos critérios do DSM-5 TR para TAG com um episódio depressivo anterior, conforme avaliado pela Versão Clínica da Entrevista Clínica Estruturada para oDSM-5-TR.

Ela não apresentava outras comorbidades ou sintomas depressivosatuais, nem comorbidades com condições médicas gerais que pudessemjustificar o quadro.

A Sra. A. recebeu em diferentes momentos váriosmedicamentos para TAG, incluindo fluoxetina, escitalopram, duloxetina edesvenlafaxina, com ou sem clonazepam adjuvante. Durante otratamento

com essas medicações apresentou disfunção sexual eaumento de apetite (fluoxetina e escitalopram), náuseas e piora dainsônia (duloxetina), sedação (clonazepam) ou disforia paradoxal (fluoxetina),

o que impossibilitou ensaios medicamentososadequados por mais tempo e com maior amplitude

de dose.

Escitalopram (20 mg/dia durante 4 meses) e desvenlafaxina (150mg/dia durante 6 meses) não tiveram efeito sobre os sintomasde TAG.Diante da recusa da paciente em tentar o uso denovo antidepressivos

ou benzodiazepínicos, foientão introduzido canabidiol (inicialmente nadose de 20 mg/dia em duas tomadas de 10mg,com aumento semanal até a dose de120mg/dia), o que levou à reduçãoacentuada

da ansiedade e dos sintomasfísicos associados, com consequentemelhora evidente de desempenho, nasrelações interpessoais e no funcionamentosocial após cinco semanas.

De modointeressante, já nas primeiras semanas apaciente apresentou melhora no sono e noquadro doloroso relacionado à tensão muscular– antes mesmo da completa melhora dossintomas de TAG.

A pontuação inicial da paciente na Escala Generalized AnxietyDisorder (GAD-7) diminuiu de 17 para

8 e 3 após duas e cincosemanas, respectivamente. Um acompanhamento de um ano, commonitorização regular de função hepática, não mostrou recaída dos sintomas enenhum efeito colateral foi relatado durante o uso.

Estudos anteriores de nosso grupo, demonstraram que o CBD (300-600 mg/dia) é efetivoe bem tolerado no tratamento de pacientes com TAG.

O presente caso confirma opotencial terapêutico deste canabinoide na ansiedade clínica e sugerem que o CBD podeser um medicamento efetivo e bem tolerado para o tratamento dos transtornos deansiedade, de modo geral e do TAG, em particular. Isto é de particular importânciaconsiderando que o TAG é uma doença crônica muito comum e associada a prejuízofuncional, pessoal e profissional.

A diminuição progressiva nos escores de sintomas nestapaciente apoia a percepção da necessidade de ajuste de dose semanal com o CBD epotencial melhora contínua dos sintomas. Igualmente, a melhora

de sintomasdolorosos e do sono associadas ao TAG, aspectos que conhecidamente respondem ao CBD, chama a atenção.

No entanto, estudos duplo-cegos e controlados por placebo são necessários e oportunos para confirmar ainda mais estas observações.

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